Como pedi demissão 3 vezes para finalmente conseguir empreender

Não sei se você sabe, mas eu nunca sonhei em empreender. Pelo contrário, eu era dessas, bem corporativas, sempre me dediquei muito e tive uma visão muito clara de como queria crescer profissionalmente.

Eu era tão apegada ao conceito de sucesso profissional, que eu desisti da carreira de design (minha formação original) porque sabia que eu nunca seria tão boa quanto meus colegas de faculdade (meu talento criativo nunca foi meu forte, apesar deu amar artes visuais - por ora, eu resolvi ser espectadora, ao invés de criadora).

E resolvendo mudar de carreira, me aventurei no marketing. Logo no meu primeiro trabalho, onde comecei como Social Media Manager, eu já dei tudo de mim, e rapidinho me tornei Gerente de Marketing da empresa e braço direito dos donos do negócio. Tivemos um sucesso incrível - a empresa cresceu tão rápido que entrou para a lista Profit 500 (lista das 500 empresas que mais crescem no Canadá).

Após três anos como Gerente de Marketing, segui meu sonho de trabalhar em agência (sonho desde meus tempos de designer!). Na agência, comecei como Digital Marketing Specialist, e após 1.5 anos fui promovida a Director of Digital Marketing - cargo esse que eu nem sonhava que poderia chegar a ter, e num espaço de tempo tão curto!

Mas foi ali na agência que as coisas começaram a mudar. Eu comecei a me sentir sem propósito. Subir a escadinha corporativa não estava mais sendo o suficiente. Eu dormia e acordava sem vontade de trabalhar, e os dias íam passando sem muitas emoções. Eu estava inquieta, e buscava aquela pecinha que estava faltando.

E foi ali que eu resolvi criar um passion project, um passatempo que poderia vir a ser um negócio no futuro. Esse negócio se chamava Home Gems - tinha a ver com o mercado imobiliário e mercado de arquitetura e decoração. Eu registrei o nome, fiz a logo, cartão de visitas, website... estava tudo indo bem e eu estava animada novamente. Eu recebi validação das pessoas ao meu redor, e fui investindo todo meu tempo nesse negócio. E foi ali que o bichinho do empreendedorismo me picou. Fui ficando cada vez mais desinteressada na carreira corporativa e mais apaixonada com as possibilidades do empreendedorismo!

Eu queria sair da agência, mas eu estava com medo de não conseguir me sustentar financeiramente. E assim comecei a trabalhar como consultora de marketing nas horas vagas. Também peguei um job como professora de Social Media Marketing a noite, em um College. E assim fui preenchendo todo o tempo na minha agenda.

O dinheiro foi entrando e eu finalmente senti que estava pronta para me demitir e seguir a vida como empreendedora! A ansiedade estava lá no alto - era a decisão mais arriscada que já tomei na minha vida! E finalmente chegou o dia que fui pra sala do Presidente da empresa, e assim, me demiti!

Que adrenalina! Foi um grande mix de sentimentos. Medo, ansiedade, excitação... Tudo junto e misturado num caldeirão que borbulhava com tanta emoção! Tanta emoção, que eu mal conseguia respirar, era emoção que não cabia no peito, que não me deixava dormir. E dois dias depois desse dia histórico, a vida me deu uma rasteira e eu não me levantei... (pelo menos não até alguns anos depois). O que aconteceu?

Primeiro, eu percebi que estava tendo uma crise de ansiedade e de burnout. Porque eu estava trabalhando tanto, eu não tinha nenhum tempo para cuidar de mim, para me alimentar bem, fazer atividade física...ou até simplesmente para pausar e descansar. Eu estava ligada no 220V por meses seguidos, e o meu corpo não aguentou.

E foi assim que, dois dias depois de ter me demitido, eu aceitei uma proposta de emprego e deixei meu sonho de empreender de lado (pelo menos por um tempo) e voltei para o mundo corporativo.

Mas veja bem: como eu comentei, eu não estava bem emocionalmente, eu estava sofrendo com ansiedade e burnout. E a proposta de emprego que eu recebi (e aceitei) era pra o meu dream job antes deu decidir empreender. Não só era um trabalho na indústria que eu queria (tech), como também o salário que eles me ofereceram era EXATAMENTE o salário dos sonhos que eu tinha em mente.

Eu pensei que era um sinal do universo e que eu deveria aceitar a proposta. Se não desse certo, eu poderia simplesmente me demitir de novo e voltar com o plano original, certo? A-hã, até parece... Senta lá, Cláudia! Olha só o que aconteceu depois.

Eu deixei o cargo de Diretora de Marketing na agência, que é um ambiente super dinâmico e criativo, e fui ser Marketing Growth Manager em uma empresa de tecnologia e software. Logo na primeira semana me deparei com uma realidade diferente do que imaginei.

Trabalhar com tecnologia não fazia a cultura da empresa ser como pensamos que é trabalhar para o Google ou para o Facebook. 80% dos funcionários eram desenvolvedores de software, que estavam sempre super focados com seus headphones a postos. Você conseguia escutar um grampo caindo no chão. Senti que ali não era o meu lugar. Mas por sorte (ou não), fiquei naquele ambiente por apenas 2 meses, e depois começamos a trabalhar remoto/ home office (isso foi em 2018, bem antes da pandemia!).

Eu achei que ía amar trabalhar remoto, mas a verdade é que me senti ainda mais desconectada da empresa. Eu fui tentando fazer dar certo, fui tentando me adaptar, mas não rolou. Eu continuava infeliz e insatisfeita, como eu estava nos meus últimos meses na agência.

Eu comecei novamente a minha busca por propósito, fiz vários cursos e workshops. E foi em um workshop sobre RH e mudança de carreira que me veio o maior insight... eu estava tentando explicar em voz alta o que era a mudança que eu queria em minha vida, e em alto e bom som, eu me ouvi falando pela primeira vez: "o que eu quero mesmo é largar tudo e ir viajar, mas eu não posso, por causa do meu parceiro, que não poderia me acompanhar nessa aventura".

Nossa, quando essas palavras saíram da minha boca eu finalmente entendi o que era o meu desejo mais profundo e que eu ficava sempre reprimindo por não ter o suporte alheio. Se tem uma dica que eu posso te dar é de tentar fazer o mesmo, falar em voz alta: "o que eu queria mesmo é __________".

O que você faria com a sua vida se soubesse que a resposta fosse SIM? Pra mim, esse processo foi libertador!

Naquele dia eu me decidi: eu ía me demitir, de novo, quase 1 ano depois da primeira tentativa de demissão. Eu decidi que ía dar meu aviso prévio na sexta feira daquela semana.

Daí olha só o que aconteceu kkkkkkk Na terça-feira, o CEO da empresa me fez o convite de ir para Londres para representar a empresa em um evento. Eu fiquei até tonta com essa informação! Eu acabei de alinhar minha energia com o universo e acabei de dizer que quero (e vou!) viajar -- e praticamente no dia seguinte eu tenho uma proposta de ir para Londres com tudo pago. Como assim?! Seria um sinal do universo?

A principio eu disse sim e aceitei o convite. Mas no dia seguinte conversei com o meu chefe e abri o jogo: eu não poderia aceitar aquele convite pois eu já estava com tudo pronto para me demitir na sexta feira. E com isso, eu me demiti pela segunda vez (mas dessa vez durou ainda menos tempo!).

Conversando com o chefe, eu comentei que queria viajar, ficar um tempo com a família no Brasil, dar uma pausa... E então ele me fez uma proposta: não só de ir pra Londres com tudo pago, como de passar 2 meses no Brasil, trabalhando part time. Se o que eu queria era viajar, problema resolvido! Eu achei que tinha ganhado na loteria! Eu aceitei a proposta.

Na semana seguinte eu encontrei uma amiga que também é coach e contei pra ela o que tinha acontecido. Antes deu dizer que tinha aceitado a proposta ela me disse: isso é o universo te testando, siga em frente com o seu propósito.

Quando ela disse isso, eu logo pensei: por que o universo iria me testar? Eu não acredito que o universo nos dá armadilhas e nos fará nenhum mal. O que eu recebi foi um sinal do universo, e eu estou seguindo este sinal. Eu gentilmente ignorei o que ela me disse, e segui em frente, certa de que eu estava seguindo meu destino.

Mas hoje, quase 3 anos depois, eu entendo o que ela quis dizer. O universo pode sim mandar um sinal ou pode mandar um teste.

O teste não é uma armadilha, como eu havia entendido: ele é um teste no sentido de testar se estamos prontos, se aprendemos as lições necessárias para dar esse próximo passo. Eu acredito que eu não tinha ainda clareza e firmeza no meu propósito, que ía muito além de apenas viajar ou trabalhar remoto. Como eu não estava alinhada, eu caí de novo nessa pegadinha, e pela segunda vez cai num teste do universo pensando que era um sinal.

E esse aprendizado foi crucial para eu chegar no meu terceiro pedido de demissão (que espero que seja o último!), onde eu finalmente aprendi a lição para mudar de fase!

Como eu contei, eu aceitei a contra-proposta do meu chefe e fiquei na empresa. Eu tive a oportunidade de ir pra Londres e logo depois passei dois meses no Brasil, trabalhando part time. Isso foi no final de 2018.

E não vou mentir, essa viagem foi maravilhosa! Eu fui pra Belo Horizonte (minha terrinha), Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, e Paraty. Eu pude aproveitar todos os lugares com família e amigos, enquanto trabalhava por um período significantemente curto. Eu me vi "living the dream"- trabalhando de qualquer lugar do mundo, com uma vista linda, e com um salário no fim do mês que me dava segurança e estabilidade.

Mas assim que eu voltei pra Vancouver, adivinha o que aconteceu? Óbvio que eu comecei a me sentir insatisfeita de novo. E lá foi eu, pensar novamente no que eu ía fazer da minha vida.

Eu pensei em tudo o que tinha feito até então e pensei em qual poderia ser meu novo passion project. Um projeto que eu pudesse começar e crescer enquanto mantinha meu emprego, mas que me desse a oportunidade de, num futuro próximo, se tornar minha única fonte de renda.

E foi assim que me veio a idéia do Business Coaching, que combinava minha experiência em marketing, mas trabalhando num nível mais de estratégia e mentoria, ao invés de execução. Também me deu a oportunidade de ajudar mulheres que querem empreender - que é uma coisa que me motiva muito. Perfecto!

Eu me lancei com esse novo título em 2019, mas foi em Janeiro de 2020 que tudo começou a tomar forma. Eu fiz meu primeiro workshop presencial, com 40 mulheres participando do evento. Logo depois eu lancei meu primeiro grupo de Mastermind, que ficou Sold Out em uma semana! Com a pandemia, decidi investir em um curso online, e lancei meu curso "Instagram for Business Bootcamp".

E assim, eu consegui sobreviver à pandemia sem enlouquecer - trabalhando em algo que ocupava meu tempo enquanto me enchia de propósito!

2020 foi um ano muito próspero para mim, e me deu a certeza de que eu estava no caminho certo. Por isso decidi que, em 2021, meu objetivo seria de dobrar meu faturamento com coaching em relação ao ano passado, para assim sair do meu 9to5 até o fim do ano.

Só que as coisas não aconteceram bem assim.

2021 foi passando, e meu faturamento estava exatamente o mesmo de 2020. Eu sabia que precisava produzir mais e estar mais presente nas mídias sociais do que eu estava dando conta. Mas eu também sabia que eu já estava no meu limite: se eu produzisse mais, eu corria o risco de novamente sofrer com ansiedade e burnout -- que avacalhou os meus planos na minha primeira demissão.

O que eu queria mesmo, era um clone meu, ou um dia com 48 horas kkkk Quem não quer, não é mesmo? Mas como não é possível, eu enxerguei duas soluções: ou eu me demito para focar nesse negócio full time ou eu contrato alguém para me ajudar. E fui com a segunda opção. (veja o apego da pessoa à segurança e estabilidade do corporativo rs).

Ter alguém trabalhando comigo foi muito bom, pois como você sabe bem, empreender é um caminho muito solitário. Ter alguém para conversar, trocar idéias, e ajudar no processo, foi muito gostoso. Porém, apesar de conseguir estar muito mais ativa nas redes sociais, eu ainda não estava vendo o crescimento financeiro que eu havia projetado.

E daí, me restou a próxima opção: me demitir.

Eu não estava exatamente onde queria estar com o meu negócio, mas eu sabia que precisava fazer isso. Eu sabia que eu precisava tentar. Não tinha como eu viver mais um ano de vida sem ter tentado. Eu quero poder olhar pra trás e saber que eu fiz, que eu arrisquei. Veja só quanto tempo de história eu tenho me planejando para esse momento. Esse momento precisa acontecer!

E foi assim que eu dei o meu leap of faith, e bem ligeiro, sem muito planejamento, contei pro meu chefe: me demito!

Hoje, eu me demito com total certeza de que é isso que quero. Que não tem job offer no mundo e proposta de salário que me desvie desse caminho. É aqui que quero estar. Não é sobre dinheiro, é sobre fulfillment. Sobre fazer o que me deixa feliz, o que toca meu coração. E falando com o Universo, que essa é minha decisão, as coisas estão caminhando e acontecendo.

Ah, como é libertador viver esse momento!

Eu dei o meu notice em Maio de 2021, mas dia 31 de Julho foi oficialmente meu último dia de assalariada. Tiveram ups and downs nesses meses que passaram. Teve medo. Teve auto sabotagem. Mas quando Agosto chegou, as coisas foram se alinhando. Trabalhos foram aparecendo. E eu, que achei que ía ter muito tempo livre para "aparecer mais no Instagram", estou com a agenda lotada e cheia de coisas para fazer.

Agora que minha energia está focada nos canais certos, eu estou alinhada para bater minha projeção para 2021 - coisa que não teria sido possível estando na empresa.

Eu sempre falo com vocês: quando a gente fecha uma porta, outras se abrem, e esse mês de agosto tem sido uma prova disso em minha vida. Quando a gente fala "não" para o que não nos serve, a gente cria espaço em nossa vida para receber o que queremos. E dizendo não, estão surgindo várias outras oportunidades que antes eu nem tinha perspectiva!

E assim, chegamos ao fim!

Essa série de emails conta minha trajetória rumo ao empreendedorismo, que começou em 2017 e terminou em 2021, e agora o que acontece, é vida real, no presente. Eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente, mas sei que estou exatamente aonde deveria estar. E continuarei colocando minhas energias para seguir o caminho que meu coração deseja.

Obrigada por acompanhar minha jornada por aqui. Espero que tenha gostado e que tenha te inspirado de alguma forma. Independente de onde você esteja na sua jornada, continue buscando. E quando encontrar, tenha força para seguir em frente. A vida é uma só, e estamos aqui para viver! No que eu puder ajudar, fico à disposição! Me fale o que achou nos comentários!

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